A casa era preenchida de coisas. A vida tinha muitas
sensações. Quase todas pareciam não ter sentido, pois não foram explicadas na
época devida. Mas tinham.
A sala tinha inúmeras prateleiras, coloridas por livros e
objetos que certamente fizeram parte daquela vida. Eu só olhava para tantas
cores de vida.
Em que momento ele sentiu vontade de pintar sua vida de
preto e branco? Por que não foi capaz de entender tal nuance? O mundo,
tragicamente, determinou que ser bicolor não tinha graça ou alegria. E logo
ele, o mais alegre de todos... Teria feito um mundo novo, sabiam? Colorido de
preto e branco, fazendo novas cores a partir destas duas. Cores jamais vistas.
Tento redesenhar sua casa. Uso um lápis fino para não
interferir nos seus sentimentos. Mas quanto mais fino, mais profundo, que fere
dentro do peito e sangra.
O sangue como cor. Desta vez, sem alegria. Uma cor com tristeza,
como um esboço de saudade.
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