Busco a pausa. Espaço. Silêncio. Isso basta. Dividiram o mundo em metros
quadrados e me designaram uma pequena parte para sobreviver. Não consigo
respirar neste quadrado. Tento entender para que lado deva girar. Mas é
quadrado. Quadrado não gira. É reto. Não caibo. Não me enquadro.
O
sujeito segue feliz. Ele pensa? O bom lugar sempre faz sol. Ele existe?
Liberté, Egalité,
Fraternité.
Que te diz? O silêncio é a ideologia do século XXI. Estar em silêncio diante do
silêncio. Estar só – sozinho. Estar em silêncio. O conforto da solidão. Estar
só – sozinho. Como silenciar meu pensamento? Freud nunca explicou.
Mamãe
me deixou chorar. Amamentou-me até onde pode porque tinha que sair para
trabalhar. Conquistar nosso metro quadrado. O choro quebrou meu corpo. O
silêncio me trouxe dor. A solidão me fez crescer. De maneira estranha.
Tenho
um nódulo no meio do pé. Ando torta. Piso na terra fofa e sinto algum
equilíbrio. Mamãe me deu botas de solas grossas. Não me corto. Elas sufocam meu
silêncio. Eu deixo de existir.
Ia
virar planta. Desvendar os segredos do mundo. As solas de plástico
bloquearam minha comunicação com o mundo. Quem sabe minha alma. Ia falar com
Deus. Mandar ele se fuder. Não consegui. Mas
e daí? Sou planta. Respiro e cresço por todos os lados.
A
fraternidade e igualdade se venderam ao mundo moderno. Resta a liberdade.
Último oxigênio. Nem todos entendem a nova revolução!
Nenhum comentário:
Postar um comentário